A dignidade não está na rua,
na calçada minha, na sua,
ela não está da carteira do rico,
nas mãos do povo ou do político.

É certo que não está nos cassinos,
no velho que finge ser um menino,
não está no morro do traficante,
e não está andando com o  errante.

Não está nas reuniões dos banqueiros,
na mesa farta do fazendeiro,
no chapéu de esmolas do falso mendigo,
e é certo também que não está comigo.

Está longe dos pastores da TV,
distante do artista fabricado,
eu ví, ouvi, andei com muita gente,
e a dignidade não estava ao meu lado.

Será que está no olhar da criança,
corrompida, excluída, violada,
que tem um presente sem esperança
e um futuro de vida pré-fabricada.

Ou no jovem adolescente alienado,
que aceita idiotas como ídolos,
aprendeu que o dinheiro manda...
Não!  ele não sabe onde ela anda.

Você que acabou de ler isto,
se viu a dignidade passando,
por favor me diga para onde ela foi...
para que eu não fique mais procurando.