J.B.ROMANI

Eu colho as pedras do caminho como se fossem uvas e bebo a poeira como se fosse vinho.

Textos

ZUMBÍ
A luz pálida do luar clareia
as ruas da minha cidade.
Quem mais viveria aqui?
Só eu mesmo,
zumbizando por essas vielas,
procurando o caminho do túmulo
no cemitério abandonado.

Estou voltando para casa,
nos muros destruídos pelo tempo
pichei versos de uma canção,
perdida na memória da terra,
velha como Atlântida,
a canção ressoa em minha mente.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,
EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.

O ranger de janelas apodrecida
acompanha o meu canto solitário,
encho o peito corroído pelos vermes
e canto alto,  cada vez mais alto.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,
EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.


Os ratos do esgoto riem de mim.
Ei Zumbí...  Seus inimigos já morreram.
Ratos idiotas, quem se importa?
Se morreram, se queimarão no inferno
com a corda no pescoço.
Eu canto e a minha voz ecoa pelas ruas.

Os grilos acompanham a canção,
creio que concordam com a minha vingança,
antes de entrar no túmulo
cantarei ainda mais uma vez,
somente para aborrecer os ratos.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,
EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.








J B ROMANI
Enviado por J B ROMANI em 26/11/2008


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