J.B.ROMANI

Eu colho as pedras do caminho como se fossem uvas e bebo a poeira como se fosse vinho.

Textos

O ROUBO DA ESTRELINHA

1986
      Uma grande cidade, um grande edifício, uma grande editora,
O rapaz não gostava da cidade, mas aquele era o lugar e a hora
marcada e ele estava alí.
Era um escritor, achava que era e isso bastava.
Um tesouro em um envelope. Uma historinha infantil.
Mas não era só uma historinha, era especial, tinha enredo, tinha
seqüência, e o mais importante para ele... Era toda em versos.
Historinha em versos, em estrofes ( ! ).
Não era fora de moda em 1986?
Sim. Mas a historinha era para crianças e ele queria lhes mostrar
o que era possível fazer com as rimas, então por que não?
E mais... A historinha era especial.
A estrelinha caiu do céu e... Nossa!... Era o máximo.

E ele estava alí e seria atendido pela diretora do departamento
de literatura infanto – juvenil,      nada menos que Madame Rosa
que era além de diretora uma respeitável escritora de historinhas.

        Muito bem recebido pela admirável senhora, ele apresentou
O SEU TRABALHO,  A SUA IDÉIA,  O SEU SONHO, e  foi  elogiado.

Puxa!
Realmente uma bela idéia, muito original e bem desenvolvida.
Olha meu amigo, gostei muito da sua historinha, nós vamos
analisar o texto teremos uma resposta em uma semana.
Tudo bem para o Sr?
Tudo ótimo Madame Rosa, eu lhe agradeço muito.

Uma semana depois, a cidade, o prédio, a editora e Madame Rosa.
Olha o seu texto é muito bom, todos gostaram, mas...
Mas...
O único problema é que é em versos e para nós o ideal é que seja
em prosa.
Se o Sr. refazer o texto em prosa nós o usaremos.

Uma nuvem negra no céu azulado,
prosa não!   Não é a minha especialidade, eu não conseguirei,
a historinha está pronta e...
Bem se o Sr. não modificar, não serve para nós.
Um escritor, um envelope debaixo do braço e o caminho de
volta pra casa.

1989
Não pode ser!
É sim eu já vi essa historinha, é um filme.
Mas é a minha historinha.
Tudo bem! Mas eu assisti o filme, é mais ou menos desse jeito
e está na locadora.
A amiga era de confiança, o filme estava na locadora  e então
a estrelinha já tinha outros donos.

Um escritor revoltado, maldita Madame Rosa, claro tirou cópias,
modificou e uma historinha que não servia virou filme.
E agora?  Ela é tão famosa.
Muita calma... O tempo.... Tudo tem a hora certa.

7:00  em seu belo apartamento Madame Rosa toma o seu café
da manhã, cortando o queijo sem pressa.
Em sua gaveta o escritor roubado olha uma carta devolutiva
assinada por Madame Rosa em 1986...
A carta que transformada em faca vai corta-la como se ela fosse
queijo a hora e o dia que ele quiser.







J B ROMANI
Enviado por J B ROMANI em 17/01/2009
Alterado em 18/01/2009


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