![]() A ÚLTIMA ESPERANÇA
Alfredo acordou e olhou o dia que começava, um dia ensolarado, Carregava uma cruz pesada, desempregado, mulher e dois filhos para tratar, não achou nada melhor que vender calçados como ambulante. Agora decifrara completamente o significado da pala vra dificuldade, entendia todos os sinais de desampa- ro, revolta e desesperança, dos que como ele engros- savam essa fileira interminável de excluídos da cultu- ra, saúde e lazer. Agora era muito mais visível as vantagens de quem tem sua carteira de trabalho regis- trada em grande empresas ou no serviço público. Mas choro não compra pão e leite, era um guerreiro e Vendedor que não acredita na venda é guerreiro morto e Alfredo não, começava o dia dizendo : “ VAMOS À LUTA “ pegava sua sacola e saia pelas ruas a procura do comprador que aliviaria o peso do seu fardo e também ficaria feliz com um chinelo no- vo ou uma bela sandália. O dia lindo incentivava uma grande jogada e Alfredo apreciava isso, às vezes numa rua que ninguém acre- ditava ele ia até o fim, e a recompensa o premiava com uma boa venda. Pegou um ônibus no terminal rodoviário rumo à uma cidade que ele não conhecia, não era tão distante e além de conhece-la mataria o seu leão diário. ( Vendedor tem que matar um leão todo dia) e ele sabia muito bem disso. A cidade pareceu acolhedora, e Alfredo logo que chegou começou a oferecer seus calçados, surgiram os primeiros NÃOS, HOJE NÃO, NÃO, OUTRO DIA, era assim mesmo, até que alguém comprasse um par, e o dia fosse salvo. Desceu a avenida, visitou lojas, bares, pessoas na calçada e a primeira venda não veio. E o tempo foi passando, tomou um café, almoço não, não antes do leão morto. Final da tarde, o sol que fizera o dia bonito cobrava o seu preço, a testa franzida, o suor escorrendo, a cidade era menor do que ele havia pensado, não ha- via rua que ele não havia passado e nem a primeira venda saiu. E então ele olhou para o céu e... Viu a enorme construção sobre a montanha, parecia um castelo, seu olhar se iluminou e agora era tudo o que importava.VAMOS À LUTA!!! Parecia estranho não ter percebido a construção antes , mas estava lá e isso é o que importava. Aparentava ser mais próxima, mas o caminho sinuo- so aumentava a distância, o peso do dia e da sacola, não ajudava o guerreiro que finalmente chegou ao alto da montanha e parou exausto e deslumbrado com o tamanho e bela aparência da construção. Para manter isso funcionando deve ter muita gente pensou consigo, muitos possíveis clientes, quem sabe terei até que voltar outras vezes... Ainda se recuperando da subida extenuante, avistou sobre uma pequena porta, uma placa que identificava o local... ORDEM DOS FRADES DESCALÇOS. ![]() J B ROMANI
Enviado por J B ROMANI em 20/09/2009
Alterado em 20/09/2009 Comentários
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